terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Fêmea

toma tua culpa fecunda do ventre que te pariu condição primeira de tua existência. mulher: nasceste sentenciada e condenada ao julgamento num jogo de cartas marcadas que grita na tua cara: culpada. carregas tua culpa e veja bem que agressiva e doce fúria é tua luta pelo simples fato de ser quem és. fêmea, esse sangue derramado essas feridas não curadas esses caminhos tortuosos e os espinhos que te ferem e que te talham a pele neste campo de batalha que é estar sair ou ficar simplesmente sendo quem és: mulher. mostra com orgulho tuas cicatrizes e levanta deste chão pisa com a leveza dos teus pés o rosto do teu algoz que outrora te deita na guilhotina. Fala mais alto que o falo mulher transmuta tua culpa em coragem ergue em riste este punho ferido e grita: livre. (até que todas sejamos).


(segunda-feira, 23 de janeiro de 2017)

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