quarta-feira, 6 de julho de 2016

A fuga e o deleite

Ela pensava:
Quem és tu?
De onde vens e pra onde vais?
Quais teus devaneios e desejos?
Como podes me pedir tão pouco
Como ao passo que me desconheces
Podes penetrar tão profundo em meu mundo?


A fuga,
O olhar que se desencontra propositalmente
Os cabelos que emolduram um olhar que se esconde
Pelo receio da descoberta
Da doce descoberta  do despertar
Que imprime uma verdade que nada pede,
Mas que tudo entrega


É  noite amarelo-âmbar nas sete colinas
É  noite fria e rouge carmim
Mas é a noite que todos os deuses e deusas
se põe ao acaso do encontro
Aflitos, consoladores e não menos sedutores


Sabia que seus olhos falavam
Sabia que ele lia olhares
E por tal motivo o jogo fugidio e ébrio se fazia
Pois sabia que quem lesse seus olhos
Em sua alma penetraria


E por isso fugia
Fugia pois ele lia
E porque o próprio jogo de fuga lhe satisfazia
Pois a revelação seria
Um golpe de faca em si mesma
tornando sua poesia moeda sem valor
sem mistério e sem ardor.