domingo, 27 de junho de 2010

Inferno astral.

A tua presença, presente se faz, flor bela, espanca a mim de amor.
a luz amarela do dia, esquenta as folhas, esquenta asfalto, e eu inerte, morro um pouquinho por dentro. a luz azul de tua áurea, só de em ti pensar, queima minha alma, toca fogo em meu corpo, acende meus olhos pro dia. o que és? de onde vens? como podes pedir tão pouco e ao mesmo tempo levar tudo, tudo de mim?? que direito tens de adentrar todos os poros de minha pele e conhecer até a raiz de meus cabelos sem nunca ter pedido qualquer permissão?
A tua presença, adentra todos os feixes de luz da casa do que eu sou.
A tua presença paralisa tudo ao redor e eu vivo por dentro, como só vivo por ti. Despertas um outro eu, e que querendo ou não, sou eu verdadeiramente.
Aliás, o que é verdade quando o que me prende és tu, absolutista?
A minha vontade de ti, percorre minha nuca, e baila por toda coluna vertebral.
meu desejo deseja um caminho que até meus pés já conhecem.
teus olhos perfazem a rota completa do que eu sou, fui ou desejo ser.
nossas partes imortais vieram brincar de se pedir e se perder neste modo de encarnar...
e o que há pra aprender? se o que eu busco é apreender, você, infinitamente você.
eu deixo viu? deixo todos os meus princípios libertários quando eu penso em você. Modernidade? vá lá, viu? quero aqui, aqui, junto, perto, cegamente! tragar-te até a última ponta e quiçá o filtro também. sem nunca cansar. e cansar faria parte também.
Pode ser que querer seja a graça, e te ter me desgrace. Mas quem há de se importar? se perder, se perder...eternamente quero trilhar este caminho. Inferno astral meu, és minha perdição, perco ação, razão.
pede pouco, me leva tudo, incendeia, incandeia. e parte, reparte, é a arte, essa é a arte.

"Há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada, que me saiba perder...para me encontrar.... (Florbela Espanca)

Florbela porque ela é ao mesmo tempo submissa do amor arrebatador e expressão do amor livre de um jeito que eu nunca vi.