terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ensaios céticos

"Creio que em cada um de nós existe uma certa energia que deve encontrar expressão em ações não inspiradas pela razão, mas que pode exprimir-se na arte, no amor apaixonado, no ódio apaixonado, de acordo com as circunstâncias. A respeitabilidade, a regularidade e a rotina - as disciplinas de ferro fundido na sociedade industrial moderna - atrofiaram o impulso artístico e aprisionaram o amor de tal forma que ele não pode ser mais generoso, livre e criativo, mas sim sufocante e furtivo.
O controle foi aplicado a questões que deveriam ser livres, enquanto a inveja, a crueldade e o ódio disseminaram-se amplamente com a bênção de quase todos os bispos. Apenas uma grande dose de ceticismo pode rasgar os véus que escondem de nós essa verdade."
Bertrand Russel, Ensaios Céticos.

Como eu nunca mais escrevi, divido com vocês as coisas boas que leio. E as coisas boas que leio que falam por mim, exatamente como eu penso e desejaria escrever, porque escrever é dividir sentimentos, emprestá-los aos que se sentem encaixados naquelas palavras. É antes de tudo um ato de amor.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Soneto do Desmantelo Azul.


Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori, as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.
Carlos Pena Filho

domingo, 6 de setembro de 2009

Cognição.

"Uma roda girando,sem sair do lugar.Produzindo o quê?
O vazio.Moto-contínuo.Funcionaria a vida inteira,sem parar.
A menos que alguém interropesse.Se ninguém impede,as coisas continuam,eternizadas.É preciso sempre intervenção,que alguém se interponha,se transforme em obstáculo à repetição."

Da sociedade:
o próprio termo sociedade já é por si mesmo muito intrigante,não o sentindo do dicionário,mas na prática,a sociedade funciona tanto quanto nossa tão idolatrada democracia,que na teoria funciona sem defeitos.
na prática,a sociedade é alguém que não se sabe quem,mas que é ao mesmo tempo todo mundo,que porém não somos nós.
sociedade é a filha do capitalismo,é ela que te diz qual deve ser tua linha de comportamento,e acima de tudo: agrade não a si mesmo,mas a ela! ser um marginalizado social é sofrer todas as suas consequências,e oseu principal aliado é o preconceito.

a mesma sociedade que impõe opiniões,mantêm uma postura democrática,que no entanto é avessa a qualquer tipo de mudança,a sociedade que preza pela "igualdade"(pausa para risos),é a mesa que ignora preconceituosamente o que é diferente.
sempre,é claro,em nome da "moral e dos bons costumes"(pausa para gargalhadas dessa vez),quando da atitude mais imoral consiste em distorcer atos naturalmente humanos em dissidências sociais.

mas o que é então a sociedade se não nós mesmos?
porque nos sentimos excluídos de algo que somos parte,que compomos?

mais um desses mistérios que são feitos para nunca serem contestados .