quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Anatomia daquilo que dói

Afronte o véu que te faz humano insano e frágil feito vidro em pedra. Se despeça da tua alma de pura luz e recebe tua corrosiva dor. Aceita quem tu és te perdes de ti se esvai com a corrente ensandecidamente pois depois de um segundo sem inspirar suspirar sussurrar quem tu és? já não és mais ninguém além do que carregas dentro deste peito febril. Como ser humano e não ser fétido? como ser humano e não ser grotesco? quando que no teu íntimo tu cheiras a desprezo. Não não não é bem assim,vos digo: eu te desejo amor. Te desejo ardor. Te desejo querer bem. Mas aceita aceitas e recebas como taça de vinho tinto tua dor tua legítima e imperfeita crueldade onde a cada passo que dás cada faca que empenhas cada gota que escorre nada mais é que tua pequena morte e prazer, teu sombrio prazer que te faz legitimamente e assumidamente humano.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Enigma VII

de onde vem essa sinergia energia do eixo do mundo pião que rodando harmoniosamente no fluxo da contra mão encontra a paz num beijo bem aqui dentro do olho do furacão aqui de onde eu só consigo pedir baixinho que algum compasso seja caos que algum sentido ou sabor possa amargar mas tendo cá tais anseios por sorte frustrados eu só consigo deitar no berço do deleite dos teus abraços e contemplar teu sorriso e calor despida de qualquer receio ou pudor.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Enigma VI

Se o amor não é tudo - como dizem
o que fica, quando o amor vira
revira
desdobra
e se contorce?

O que fica quando nada mais existe
e só o amor insiste
como se isso fosse coisa pouca
e não sendo tudo
também não deixa de ser nada?

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Enigma V

Pungente,
é como o gosto que sinto
tomando do meu próprio veneno
que pra você não passa de efeito placebo
quando se toma e não se sabe e nem se vê

Mas que pra mim é atroz e contundente.

Ardente,
feito o lume de um vulcão
não nasci pra ser sobejo
mas flori pra ser festejo
devaneio, palpitação!
coração que salta peito afora
paisagem em contemplação.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Enigma IV

Na dúvida o risco
não me guardo, nem me privo
Apartas o discurso da prática
queres o contrário do que não diz
quando fazes esse silêncio
que faz o maior barulho dentro de mim
E eu me ponho pensando
nas coisas que esse teu silêncio não diz
e no quanto ele implora o que grita não querer
Quando pedires que eu fique
é porque já parti.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Poesia para vênus em libra

Aleatoriedades transitórias
paixões arrebatadoras 
(com dois minutos de duração)
venusianos quase sempre confundem
O que é tédio com o que é paixão.

Enigma III

Como Deusa, te criei
como poeta te escrevo
te ilustro, te iludes, me confessas.
Corrosivamente, te exploro e explodes
feito bruma leve que pousa em solo sereno.
Se te fiz em palavras
te desmonto em meu silêncio
toda a matéria fria e vã
que é teu corpo sem meus olhos
teu pecado é não ser Deus,
peça perdão
e despeça-se.

terça-feira, 1 de novembro de 2016