segunda-feira, 30 de março de 2020

Pavão misterioso

Tenho refletido muito nos últimos meses sobre o que nos move a escrever. Na verdade, ando pensando no viés da arte de uma maneira geral. A ideia que se faz dos que dela vivem e para ela vivem é ainda muito limitante e arcaica. Sua necessidade, seu real valor, ainda são pouco fundidos aos nossos pensamentos de bichos capitalistas.

Mas hoje, em março de 2020 o mundo vive uma pandemia. O mundo inteiro está parado (de acordo com a ótica do capital) enquanto tenta se proteger de um vírus avassalador, que passou a ditar as regras no dito planeta água.

Eu digo que é de acordo com a ótica do capital porque fábricas e comércios estão parados, mas as pessoas não. Seja nos privilégios dos seus aconchegos, seja nos ônibus lotados em direção ao trabalho - posto que nem todos podem parar - a vida está acontecendo. Nos é apresentada a oportunidade de mexer os dias em direção a um novo movimento para  a própria vida.

Nestes tempos a necessidade da arte - para quem precisa dela para a expressão ou contemplação diante do caos - fica mais evidente. Me questiono sobre o motivo pelo qual escrever e tornar público importa, ou não importa? Tenho em mente que escrever com o intuito do imediatismo de jogar no mundo não é o caminho, mas pode ser também. No fim das contas, enquanto parece que todo mundo escreve e publica, muita gente não escreve e ou não publica, e como testemunhas e atores do nosso tempo, temos um compromisso. A arte como compromisso pessoal e social. 

O blog sempre foi um lugar acolhedor. Um pouco escondido, um pouco exposto, um pavão misterioso - que querendo sabe se expor e ser formoso. Depois de idas e vindas e diante de tudo que tem colapsado e renascido, estou de volta a este virtual lar. Parece besteira mas me reconectar com este espaço me faz caminhar ao reencontro com meu olhar sob mim mesma. Sigamos<3 p="">