domingo, 26 de setembro de 2010

Tua.

Nego- me. Nego-me estar em qualquer lugar que não seja aquela sala borrada pela lua branca. Recuso a materialidade presente. Quero me prender naqueles exatos momentos... Quero teus braços ao redor do meu corpo me apertando contra o teu... sentir teu coração bater bem perto do meu...te fazer carinhos com tanta força que eles possam beirar uma doce agressividade. Quero por tudo, permanecer naquele encontro. Trocaria qualquer presente e futuro pra me manter presa naquele recente passado. Quando vou embora, parece que aquilo tudo só aconteceu dentro de mim. A lua nos dá a benção, pressas horas nunca se findarem. Um turbilhão de sensações aquém e além dos racionais limites da matéria, e eu nem sei dizer qual delas mais me atrai. Se a sublime alma de quem me apaixono, ou se o calor rasgante do qual sou totalmente dependente feito viciada., tua pele! Enquanto eu to aqui contando, eu vou perdendo um pouquinho pro papel, por isso hesitei bastante em tecer tais palavras...mais uma vez fico entre ser amante fiel do que se diz, entre a barreira admirável do que não pode ser dito. E eu vos digo: aqui não há sobejo do que sinto. Aqui não há réstia desse sentimento. E eu queria relembrar sensitivamente cada momento presente, passado recente, presente constante em mim. Cada pedaço teu, cada timbre da tua voz em cada exata palavra, o pulsar da tua respiração em cada olhar lançando sobre mim, imersa na tua alma!
Nenhum amor que se entregue aos teus braços, nenhuma que se ponha a seguir materialmente contigo aonde quer que vás, estará tão presente quanto eu. Eu sempre estarei mais. Tua poesia. Tua mulher. Tua flor. Quero-te em pólos unidos e opostos, quero-te em yin e yang. Te amo com doçura e com a raiva de te amar ser mais forte do que quer que seja que eu possa sentir, de não poder resistir. De não querer resistir. Nada é meu, e eu me recuso a aceitar a materialidade que não seja aquele passado presente constante em mim. Mas eu tenho esse amor, que me faz sentir imortal diante de todos os outros seres terrenos e extraterrenos. É tudo que tenho, e nada me tira o que de mais bonito eu levo comigo. Dor? amor e dor estão sempre de mãos dadas, arriscaria tudo de novo com paixão. Se te vás, de mim a dor é inevitável. Mas também com ela eu já aprendi a lidar...arcar com as conseqüências que me cabem ao que me proponho. Talvez a saudade seja o preço que eu tenha que pagar por não estar pronta em partir pro mundo contigo. Mas saber que há ainda uma vida inteira, e algumas outras pela frente...e que com essa força que nos une, o encontro acontecerá sempre e mais uma vez, isso pode parecer vão ou frívolo, mas me conforta no desespero e em último caso. Me levas a pólos opostos que são um só, pela unidade do universo. Contigo eu me sinto entre os opostos que fazem partem de um todo Taoísta. Levas-me do ciúme irracional até a mais meiga compersão. Me levas a flutuar, só de me dar o que nunca te pedi, e que eu nunca vou perder. Negue, parta, suma. Não interessa. Não dá pra ser diferente. Teu amor pagou minha existência. E por nada eu abriria mão disso. Com tantos possíveis encontros no mundo, logo eu e você, né? As vezes parece um presente-castigo. Mas um presente que eu não trocaria por temer castigo nenhum. No fim das contas sabemos que nada além importa. que nosso encontro é surreal e nada mais tem seu lugar. Abro minhas portas e janelas, abro toda minha pele às tuas mãos. Espero-te, te recebo, te deixo partir, não te peço nada, quero muito, me contento com bem pouco, porque meu desejo não tem fim, e por não ter fim não tem pressa,não tem pressa porque nunca será saciado... não faz parte dos meus anseios, porque numa freqüência de cachoeira, sempre se renova. Te encontro em tudo que me encanta, em tudo que é bonito, na grama verde, no pôr do sol, filhos, o mar, todas as luas cheias me remetem à você. Tua freqüência fez nascer: poeta. Aprendi a apreciar palavras com fervor e silêncio com contemplação. Homem e mulher, fervor quente de paixão, freqüência tênue de amor antigo. És incansavelmente o que me inspira, e com todos esses sentimentos aos quais tua luz me propaga...eu vou escrevendo pela vida inteira, numa tentativa que já começa derrotada, de expressar o que explode dentro de mim. De toda forma, é esse sentimento que me faz sentir especial e sobre-saliente entre qualquer pessoa. Faz-me sorrir por dentro, abro-me numa flor feito sorriso. Porque o mundo iria ter importância? nada mais terá. Depois que eu tiver aquela noite comigo todos os dias de minha vida. Seja qual for a vida, seja o que for viver.
Porque se ver Bethânia cantar não me fizesse voltar a escrever...nada mais faria! =))))