sábado, 29 de novembro de 2008

Santo bêbado dum carnaval.

Arrasa,o meu projeto de vida,
santo bêbado dum carnaval.
Carne viva,
seringa,
fogueira num vendaval.

Palavras fugitivas num discurso,
e muda o curso num leito dum rio,
lava o sal do mar,
tira as nuvens pra lavar,
abre pétala por pétala,
e as devolve quando o sol se dissipar.

Prato uno dum vagabundo,
id pisoteando ego num samba de fevereiro.
Poder ludibriante de um político,
ante um povo sem lembranças.

Rasga o jornal,e bebe o último gole do café,
fuma pontas num cinzeiro,
bate porta,
leva a rede,
muda o curso de uma história.

Arrasa com meu projeto de vida,
és última gota de sangue na revolução,
és o último suor da construção.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Insana noite insone.

O que você desenha,
é a trilha que eu sigo.
E o que teus olhos vêem,
é o meu umbigo.
Minha meta,
te aperta.
O que teus lábios dizem,
são minhas tuas palavras.
O que entra em tua voz,
é o meu ouvido.
O que há em tua unha,
é a nua e crua carne minha.
E o que tenho em minhas mãos,
são fibras tuas.
Minha saliva já habita,
a tua boca.

Um botão em fúria,
um mar em flor.
Somos tão emaranhados,
que minha cabeça desconhece,
e já nem reconhece,
se eu sou eu,
ou se sou você,

a pensar em mim.

(bem gay,e bem brega né? tô bicha... oh,shit.)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Da viagi.

(Por André Vinhaes)

"anuncia
ergue e corre
pega o vácuo
não tem troco

arrancada
desespero
se pendura
meu almoço

frase feita
repetida
dia e noite
tanto esforço

três sabores
muita fome
quase nada
no meu bolso"

dedicado aos vendedores e compradores de pipoca em ônibus no centro de recife.

sábado, 18 de outubro de 2008

Dolores delírios.

11 de Outubro de 2008

Amoramoramoar.
Detalhes,mínimos,menores.
sutileza,leve feito pétala.
samba,suor,cerveja,
tamborins em veias cor de carne.

Palavras,palavras,palavras.
gestos,gestos,gestos.
E suor,suor,suor.
Hoje eu não quero ser ninguém,além do abismo.

Postando ao som de mistura do calypso,o som da periferia,porque cultura de massa,é massa,só não é melhor que a cultura da massa.
"você pensou que eu ia chorar por você.pintei o meu cabelo,malhei,malhei."uó.total,ninguém é melhor que tayrone,e o conde,ninguém.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O que chorava,e o que chovia.

Lia lia seu olhar
nos vidros em cacos
Amores sem sentido
e em dores já doídas de doer.

Ninguém lia a dor de Lia,
e ninguém sabia que ela sofria
muito além do que podia.
Sofria por todos que nem mais sabiam
o que era a dor,
de tão calejados os corações.

Mas ninguém lia a dor de Lia.
Lia só chorava de dia,
e em dia que chovia.
E era por isso que ninguém percebia
o que chorava,e o que chovia.

Só quem um dia tocou
seus lábios salgados de tanta dor
leu o que Lia sentia
e viu o que ninguém mais via.

Viu que Lia lia
muito além que todos nós
lia todas as dores
de todas as vidas vividas
os sentimentos de uma nação coletiva.

E reunia num só pranto
o penar de todo o viver
dos meninos cinzas das ruas
das ruas de Recife.

Lia chovia quando o céu chorava.
Porque só a chuva era da proporção de sua dor.
E só algo como a chuva traria o seu fim
por deitar-se igualmente sobre todos nós.

Erickson Luna

CANTO DE AMOR E LAMA I

" Choveu
e há lama em Santo Amaro
nas ruas
nas casas
vós contornais
eu não
a mim a lama não suja
em mim há lama não suja
eu sou a lama das chuvas
que caem em Santo Amaro

Vosso scoth
pode me sujar por dentro
cachaça não
vosso perfume
pode me sujar por fora
suor nunca
porque sou suor
a cachaça e a lama
das chuvas caem
em Santo Amaro da Salinas"

(Homenagem merecida,e justificativa do título deste recinto.)