quinta-feira, 19 de julho de 2012

Chuva no sertão

O mistério da semente,
o mistério da flor.
Da chuva que vem sem marcar data,
da terra fértil embaixo dos nossos pés.


Tempos secos no sertão,
da alma ou da mente,
e aquela vontade de dizer
só de dizer,
exprimir, semear,
um tal de não se sabe bem o que,
nem como ou porque.

Voa leve, passarinho,
pousa aqui em minha mão,
mas me mostra como eu faço
pra falar pro povo todo
a festa que que tu fazes em meu coração!

Chove fruto,
pousa ao solo,
cajus amarelos,
adoçam a boca da moça
do vestido de chita,
da flor no cabelo,
e aurora no olhar.

Que venham tempos de colheita!
da nova safra de palavras 
até então guardadas no solo da alma,
em gestação ansiosa do nascer.