quarta-feira, 3 de junho de 2015

O florescer que cabe num desnascer.

Hoje talvez eu pudesse escrever o verso mais dolorido da minh'alma.

Hoje, quando a calma me inunda tamanho é o desespero perante a dor que anestesia.

Se nascer dói, vos adianto que morrer um bocadinho por dentro estando viva, também.

O balanço é um só: vastidão, solitude.
O vazio irriga minhas veias onde pulsara tanta vida.
E pulsa! sempre pulsará.

Ventre que carrega a vida.
Vida que carrega o ventre, feito o curso de um rio.

Aos desejos da mãe maior: entrega.
Observo o leito que espera
o leite que seca, e as lágrimas que correm.

Na seiva encardida mergulho,
e já de volta a superfície: enfim respiro, e renasço.

Tal qual num parto para dentro: a vida vibra aqui,
e aqui há uma fêmea que ao passo que despetala,
desabrocha ainda mais formosa. firme e plena.