quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Soneto do Desmantelo Azul.


Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori, as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.
Carlos Pena Filho

Um comentário:

Anônimo disse...

"(...) nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço."

Brilhante ein.

Belo post moça.
Estou acompanhando ok?

Cuide-se