quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Os Meninos Cinzas de Recife.

Os meninos cinzas das ruas de Santo Amaro,
Os meninos sem cor de Recife.
Me fizeram crer que era puro egoísmo,
meu bom humor de tarde quente,
meu bom humor de terça- feira de verão.
e o é,
e o somos.

Os meninos cinzas de Santo Amaro,
são meninos filhos,
meninos frutos do nosso ventre,
do ventre do nosso silêncio.
Silêncio que nos ata as mãos,
e nos cega a vista.

Os meninos cinzas de Recife,
são fruto daquilo que nos tapa a visão
da nossa covardia diante do nosso
próprio egoísmo.

Os meninos cinza de Santo Amaro,
são nascidos do nosso silêncio.
E é do nosso medo que eles morrem.

3 comentários:

Fred Caju disse...

MENINOS CINZENTOS
A Katarine Araújo

Vendendo chicletes
ou com as flanelas,
são apenas pivetes
vindos das favelas.

O sinal está fechado,
mas livre para a pobreza
avançar de qualquer lado,

com meninos sem beleza:
cinzas, magros e drogados
indo contra a correnteza.

Assim, sobrevivem,
com as pernas finas,
com tantas vertigens,
da vida assassina.


(Fred Caju)

clarissa disse...

Te garanto, quero um dos exemplares. tu arrasa! :] auhsuas

clarissa disse...

É tudo vida.
Esses moleques na rua,
Pedindo dinheiro com uma faca.
Essas mães, com crianças no colo,
Sentadas na calçada
- “No mínimo drogadas”.
Esses corpos no mundo, despidos de tudo,
Sem sonhos, sem futuro, sem alma.
Essas mulheres da vida
Encontrando a felicidade de portas fechadas.
Esses meninos pedindo um trocado,
Rasgados, suados, com vontades tão magras.
Essas vozes mudas, vozes cansadas
E as bocas trincadas, mortas, caladas.
Os sonhos pisados na rua, no meio do nada.
Até mesmo esse pobre coração que falha,
É tudo vida.
Mesmo que sofrida, mesmo que minguada.
E tu levas tudo isso com se fosse a folha que pisas e trazes na sandália,
A mesma sandália que tiras antes de entrar pela porta de casa.