sexta-feira, 18 de junho de 2021

Morada

Nas minha mãos moram o cheiro

da chave prateada

girando a maçaneta

do medo

apertando a bolsa

da caneta

registrando o dia

o toque

do papel amarelado

o aroma

da formiga que passeou

entre dedos

da planta florida

que me abraçou

do dinheiro

que troquei pelo cheiro

do pão recém saído

do forno onde fez morada

depois de crescer

nas mãos do criador

na minha mão

mora o cheiro

de uma gata

da erva cidreira

do sabonete e da alfazema


eu sei que o mundo mora em mim

pois guardo seu cheiro em minhas mãos.


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