Nas minha mãos moram o cheiro
da chave prateada
girando a maçaneta
do medo
apertando a bolsa
da caneta
registrando o dia
o toque
do papel amarelado
o aroma
da formiga que passeou
entre dedos
da planta florida
que me abraçou
do dinheiro
que troquei pelo cheiro
do pão recém saído
do forno onde fez morada
depois de crescer
nas mãos do criador
na minha mão
mora o cheiro
de uma gata
da erva cidreira
do sabonete e da alfazema
eu sei que o mundo mora em mim
pois guardo seu cheiro em minhas mãos.