Existo e insisto em querer fazer e ser poesia.
Na beira mar da maresia,
na linha tênue dos trópicos.
Eu existo e não mais do que por insistência,
e por que não dizer por teimosia,
inspiro e tusso poesia.
Piso leve na areia,
que insiste em naufragar meus pés.
Piso e insisto em naufragar.
Piso e insisto em não ser diferente
pois de outro modo não poderia ser.
De modo errante insisto e existo
pois de outro modo apenas sobreviveria,
apenso a um corpo de perene fluidez.
E com permanente nitidez, revelo:
de que me valeria viver se não fosse pra ser poesia?
Eu que não nasci sem causa
e só por insistência
minha existência de outro modo não seria:
é a de me cobrir com as vestes do mundo,
levantar a bandeira do amor em punho
e resvalar de poesia.
Só por insistência existo.
E existo não pra fazer,
mas pra sentir e ser poesia.
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